quarta-feira, 5 de outubro de 2011

Sinédoque: “um” por “todo mundo”

 
“Tudo é mais complicado do que você pensa. Você vê apenas um décimo do que é verdade. Há milhões de pequenos textos anexados a cada escolha que você faz. Você pode destruir sua vida cada vez que você escolhe, mas talvez você não saberá por 20 anos, e você talvez nunca, jamais localize a fonte. E você tem apenas uma chance de jogar isso fora. Basta tentar e descobrir seu próprio divórcio. E eles dizem que não existe destino, mas existe. É o que você cria. E mesmo que o mundo continue por eras e eras, você está aqui apenas por uma fração da fração de segundo. A maior parte do seu tempo é gasto estando morto ou ainda não nascido. Mas enquanto está vivo você espera em vão, desperdiçando anos, por um telefonema ou uma carta ou um olhar de alguém ou alguma coisa para fazer tudo certo. Mas isso nunca vem, ou parece vir mas não realmente. Então você passa seu tempo em vago arrependimento ou vaga esperança que alguma coisa boa virá adiante. Algo para fazer você se sentir conectado. Algo para fazer você se sentir inteiro. Algo para fazer você se sentir amado. E a verdade é que eu sinto tanta raiva. E a verdade é tanta tristeza. E a verdade é, eu tenho me sentido tão magoado por muito tempo. E por muito tempo eu venho fingindo que estou bem, apenas para seguir adiante, apenas para... Eu não sei porquê. Talvez porque ninguém queira ouvir sobre meu sofrimento, porque eles têm os seus próprios.
Foda-se todo mundo.
Amém”.
do filme Sinédoque, Nova York


Sinédoque é uma figura de linguagem que consiste em tomar a parte pelo todo, a matéria pelo objeto, a espécie pelo gênero, o singular pelo plural. Sinédoque é quando você diz “o brasileiro é alienado” ou “político é sempre ladrão”.

No filme “Sinédoque, Nova York” Philip Seymour Hoffman vive um diretor de teatro que ao tentar escrever sua primeira peça se embrenha cada vez mais fundo na sinédoque. Qualquer explicação além disso é inútil porque não expressaria a dimensão do filme (e da brisa).


 

Aos fortes de espírito e de estômago resistente fica aí a indicação.

@robertagrassi

2 comentários:

  1. ahhh ro, agora qro ver, tem como trazer o filme no fds???

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  2. Viexe, Rafa. Eu não tenho esse filme não, assisti num desses canais a cabo só de filmes, mas tbm não lembro em qual foi.

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